Áreas de Atuação

Saúde Sexual e Reprodutiva

A Área de Saúde Sexual e Reprodutiva (SSR) da ANEM apresenta como objetivo orientador da sua ação a sensibilização e formação dos Estudantes de Medicina para a Saúde Sexual e Reprodutiva, nomeadamente Planeamento Familiar e Contracepção, Orientação Sexual e Identidade e Expressão de Género, Infeções Sexualmente Transmissíveis e Violência de Género.

Pretendemos desenvolver projetos e atividades que contribuam para tornar e capacitar os futuros médicos como indivíduos ativos e interventivos na sociedade, na promoção e atenção à Saúde Sexual e Reprodutiva dos indivíduos. Propomo-nos ainda a realizar atividades que permitam a interação entre os Estudantes de Medicina e a população geral, para que estes se tornem mais aptos para um futuro contacto com os seus pacientes sensibilizando a população com o intuito de a tornar mais informada, inclusiva e capaz de viver uma sexualidade saudável.

As principais atividades da Área são o SCORA X-Change (intercâmbio que versa sobre Saúde Sexual e Reprodutiva), o TransGressive (conversas sobre cuidados de saúde a pessoas não cisgénero) e o Safe&Fest (promoção da saúde sexual e prevenção da doença em festivais de verão). A Área dinamiza igualmente outras atividades transversais como o Med On Tour ou a Educação para Todos, especificamente no percurso Sem Tabus.

Atualmente encontram-se em vigor: o Programa Nacional de Consciencialização para os Direitos Sexuais e Reprodutivos; o Programa Nacional de Prevenção de Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST) e Contraceção; o Programa Nacional de Educação para a Sexualidade; e o Programa Nacional de Prevenção da Violência de Género.

  Programas Nacionais


CONSCIENCIALIZAÇÃO PARA OS DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), uma boa saúde sexual e reprodutiva representa um estado de completo bem-estar físico, mental e social no qual as pessoas são capazes de ter uma vida sexual satisfatória e segura, capacidade para reproduzir-se e liberdade para decidir se, quando e com que frequência o querem fazer.

Qualquer pessoa possui o direito de tomar decisões conscientes e informadas acerca da sua saúde, sustentadas por informação cientificamente correta e acessível por qualquer pessoa.

Às mulheres deve também ser assegurado o acesso a serviços de saúde capazes de garantir o acompanhamento da sua gravidez, o parto seguro e a saúde do bebé.

Assim, mostra-se fulcral  investir na capacitação da sociedade, pois só assim é possível garantir o respeito pelos direitos fundamentais que todos os seres humanos devem ver respeitados, independentemente da sua expressão de género, orientação sexual ou qualquer outro fator.

Consulta o Programa Nacional na íntegra.

 

PREVENÇÃO DE INFEÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E CONTRACEÇÃO

As IST são uma importante causa de morbilidade e mortalidade a nível mundial, associadas ao estigma e preconceito ainda muito presentes na atualidade.

Ao contrário do expectável, em Portugal, a prevalência de Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST) tem aumentado, verificando-se taxas de gonorreia e Clamídia genital e Sífilis cada vez maiores, particularmente em adolescentes, o que é preocupante, uma vez que deveriam ser uma geração mais informada e protegida.

O número de novos casos diagnosticados de VIH também aumentou, sendo mais de metade destes casos diagnosticados tardiamente, com especial pico no número de casos de homens que praticam sexo com homens. Além disso, Portugal é o segundo país da União Europeia em que a SIDA mais mata e, em 2018, deixou de fazer parte da lista de países cumpridores das metas 90-90-90 definidas pela UNAIDS para o combate à infeção VIH/SIDA.

Assim, há que fomentar os conhecimentos de métodos contracetivos protetores de IST pela comunidade, reduzir o estigma a eles associados, que muitas vezes leva ao não tratamento e maior propagação, e promover a saúde sexual e reprodutiva em meio escolar.

Consulta o Programa Nacional na íntegra.

 

EDUCAÇÃO PARA A SEXUALIDADE

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a sexualidade como: "Uma energia que nos motiva para encontrar amor, contacto, ternura e intimidade. (...) A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental."

A educação para a sexualidade é essencial na educação para a saúde. Uma população não educada nas várias vertentes da sexualidade é mais suscetível a desenvolver comportamentos de risco. No caso específico das populações mais jovens, a ausência de educação sexual pode refletir-se na falta de preparação para lidar com a sexualidade, o sentimento de invulnerabilidade, barreiras e preconceitos, dificuldade em tomar decisões, baixa autoestima, indefinição de identidade e necessidade de afirmação dentro do grupo de pares.

Desta forma, mostra-se necessário o desenvolvimento de competências que permitam escolhas informadas e seguras, a potenciação dos relacionamentos afetivo-sexuais, a redução das IST, a promoção e capacidade de proteção face a exploração e abusos sexuais e a diminuição da discriminação e preconceito através do aumento da educação para a sexualidade.

Consulta o Programa Nacional na íntegra.

 

PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA DE GÉNERO

A Violência de Género pode ser definida como qualquer ato de abuso, violência ou violação de direitos humanos que tem como alvo um género em específico, que resulta de desigualdades de poder baseadas em papéis de género. Contudo, devemos ter em consideração o espetro do género e integrar nesta categoria todas as pessoas cisgénero, transgénero, agender e gender-queer.

Em Portugal, segundo o Relatório de 2019 da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), o sobrevivente predominante de Violência em Portugal são mulheres (aproximadamente 80%). Segundo o mesmo, ocorreram nesse ano 23586 crimes de Violência Doméstica (maus tratos físicos e psíquicos – 152.o), o que perfaz 79,1% de todos os crimes contra as pessoas, vida ou integridade física.

No entanto, os homens não se encontram isentos desta problemática. Em média, um homem que tenha sido abusado na infância demora mais de 20 anos a procurar apoio. A manutenção deste silêncio é alimentada pelo mito de que homens e rapazes não podem ser vítimas de violência sexual e que, caso o sejam, serão menos masculinos ou capazes que os outros.

Além disto, e apesar do surgimento de legislação nacional para proteger a comunidade LGBTI, esta continua a ser vítima de frequentes violações dos seus direitos. Este tipo de violência assume forma física ou psicológica, estando particularmente em risco a juventude LGBTI e mulheres lésbicas, bissexuais e trans. A discriminação tem lugar em ambientes familiares e comunitários, inclusivamente em ambientes médicos e ocorre comumente quando estas pessoas procuram refúgio ou durante emergências humanitárias.

Consulta o Programa Nacional na íntegra